30/05/2012 - Em defesa dos funcionários e da função social do Banco do Brasil

Na Sessão Plenária desta quarta-feira (30 de maio), utilizei o meu Grande Expediente em defesa dos funcionários do Banco do Brasil e sobre a Retomada da Função Pública do Banco. Estavam presentes na sessão o Sr. Ronaldo Zeni Diretor da Federação dos Trabalhadores(as) em Instituições Financeiras do RS -Fetrafi-RS, do Sr. Oscar Siqueira Diretor Sindicato Bancários Santa Cruz do Sul e Professor de Economia na Unisc e do Sr. Nelson Fazenda Diretor do Sindicato dos Bancários de Passo Fundo que gravaram depoimentos que foram exibidos durante o meu espaço.

O papel do Banco do Brasil


No crédito agrícola os recursos dedicados ao agronegócio são quase os mesmos daqueles dirigidos a agricultura familiar. O BB também vem reduzindo sua participação no financiamento agrícola que já foi de 80% na década de 80 e hoje está na casa de 50%. Além do afastamento do crédito rural, o Banco do Brasil ainda pratica com seus clientes a desenfreada política de captação recursos como a cobrança de taxas e tarifas, que não são baratas, e retorna aos mesmos clientes, os mesmos recursos na forma de empréstimos e financiamentos, só que com taxas de juros elevadas, iguais dos Bancos Privados. Fica difícil aceitar essa lógica de mercado para um banco público.


O Banco do Brasil, na atualidade, vem apresentando lucros extraordinários, ano após ano. Nada de surpreendente para os parâmetros ditados pelo mercado e pelo tipo de economia que se configurou nos últimos 30 anos. O problema está no caráter do lucro, pois ele não vem de uma atividade de fomento, mas, sobretudo, de uma prática meramente mercantil.

Desde o fim da conta movimento, em 1986, o Banco do Brasil foi obrigado a buscar no mercado os recursos financeiros competitivos necessários para possibilitar suas atividades de intermediação do crédito e de geração de resultados. Isso propiciou a construção de uma estrutura corporativa voltada, essencialmente, para o mercado. Esse processo teve um importante impulso em 1990, com o Governo Collor e cristalizou-se no Governo Fernando Henrique. 
Desse modo, o foco do Banco do Brasil passou a ser o de gerar (fundo de recursos) para realizar suas atividades comerciais e financeiras. O problema é que com isso o Banco deixou de lado uma postura de fomento e passou a “explorar” o mercado, retirando da mesma sociedade que um dia ele fomentou, os lucros e mais lucros que agora constituem a única razão da sua existência. 
Para tanto, teve que mudar a sua estrutura organizativa e funcional dotando-a das mais “modernas” formas de mercado. A palavra “negócio” virou o vocábulo mais usado e difundindo entre todos os funcionários. O triste disso é que “negócio ótimo” conforme definição do economista Vilfredo Pareto (um dos expoentes do neoliberalismo) consiste na situação em que um perde e outro ganha. Essa é a tônica do Banco do Brasil hoje. Ganhar em tudo, inclusive, na exploração e assédio moral dos seus funcionários.
Esse, sem dúvidas, não é o Banco do Brasil que o Brasil precisa e deseja. O País precisa de um Banco que seja o suporte do desenvolvimento econômico e social, com sustentabilidade. Precisa de um Banco que invista na atividade produtiva e não na especulativa. Precisa de um Banco que seja moderador do mercado financeiro, puxando para baixo os altos juros praticados pelos Bancos Privados e pelo próprio Banco do Brasil. Enfim, precisa de um Banco que ajude na construção de um Brasil mais justo, fraterno e igualitário, no qual as mazelas que atendem e preocupam a sociedade brasileira possam ser superadas definitivamente para um Brasil melhor.